Vestir a mudança: nova geração de têxteis e calçado. Do Mar para o nosso guarda-roupa
Já pensou em transformar redes de pesca inutilizadas em roupas e calçados ecológicos? E se pudesse vestir um fato de banho tingido com extratos de algas que também protege a sua pele?
Estas são as questões lançadas pela Fibrenamics para dar introdução à investigação que está a desenvolver e que faz parte do Pacto da Bioeconomia Azul, uma agenda nacional que pretende estimular a incorporação de bens da bioeconomia azul em novos produtos, processos e serviços. A ideia é que as estruturas têxteis desenvolvidas sejam incorporadas numa nova geração de peças de vestuário e calçado para homem/mulher, ligadas ao mar e à prática desportiva.
Serão desenvolvidas fibras para integração em malhas e tecidos, novos processos de tingimento e acabamento funcional, com foco na sustentabilidade e no alto desempenho. Serão também criados protótipos para calçado e coleção Primavera-Verão, made in Portugal.
Esta solução inovadora não só reduz a utilização de materiais fósseis ou não renováveis na produção de fibras têxteis, como também contribui para a despoluição dos oceanos e da costa marítima. De acordo com os investigadores, as redes de pesca descartadas “são a principal fonte de contaminação plástica nos oceanos, ameaçando 66% dos animais marinhos”.
Outra inovação consiste na utilização de biomassa marinha e extratos de algas nos processos de tingimento e acabamento de tecidos e malhas, que permite substituir corantes e produtos sintéticos, assim como aproveitar as propriedades funcionais existentes nestes recursos.
O potencial das microalgas também está a ser explorado ao nível do tratamento de efluentes provenientes dos processos têxteis, de modo a torná-los mais eficientes e sustentáveis. Além disso, esta investigação visa acelerar a transição da Indústria Têxtil e Vestuário (ITV) para uma economia circular e mais sustentável.
Pacto da Bioeconomia Azul – Vertical Têxtil
A investigação do Instituto Fibrenamics enquadra-se no Vertical Têxtil – liderado pela empresa TMG Textiles, uma das sete áreas abrangidas pelo Pacto da Bioeconomia Azul.
O consórcio do Vertical Têxtil (WP3 – Work Package) é constituído por 16 entidades ligadas aos sistemas empresarial, tecnológico e científico, nomeadamente: A4F, CeNTI, CITEVE, DOCAPESCA, Fibrenamics, FITEXAR, GPSA Têxteis, HATA, LUSÁGUA, MGC – Acabamentos Têxteis, PIEP, SIRPLASTE, SKIZO, Tintex Textiles, TMG Textiles, Universidade do Algarve e Universidade do Minho (2C2T – Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil e CEB – Centro de Engenharia Biológica).
O Pacto da Bioeconomia Azul reúne 83 entidades nacionais e procura soluções no mar para enfrentar a escassez global de recursos terrestes. Entre muitos outros desafios, pretende potenciar a inovação e o crescimento da indústria do mar e posicionar Portugal no contexto global. Foi desenvolvido no contexto da plataforma Blue Bioeconomy Hub, promovida através da Fundação Oceano Azul e Sociedade Francisco Manuel dos Santos com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
O projeto, iniciado em outubro de 2022 e com conclusão prevista para dezembro de 2025, é liderado pela empresa Inovamar, S.A. e apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência no âmbito do NextGenerationEU da União Europeia (PRR), envolvendo um investimento global de 133 084 957,80€.
In: Fibrenamics