A Famel está de volta, renascendo na cidade que viu a nação nascer, um golpe do destino que só pode anunciar um futuro de sucesso!
Ninguém é indiferente à Famel, marca icónica da indústria portuguesa de motociclos dos anos 50 e que ainda reúne muitos aficionados. A história da Famel, nascida em Águeda, é conhecida de todos, tendo enfrentado inúmeros desafios que culminaram no encerramento da sua produção em 2002 para tristeza de muitos. Mas, desenganem-se aqueles que pensam que este foi o fim da marca!
A Famel renasceu onde nasceu a nação, aqui mesmo, em Guimarães, pelas mãos de Joel Sousa que adquiriu os direitos da marca, em 2014, num rasgo de oportunidade que não quis desperdiçar, “surgiu a oportunidade de adquirir os direitos da marca e, na altura, parecia-me ser uma boa aquisição, tendo em conta o potencial da marca, para refazer algo. A minha intensão não passava por começar a trabalhar em algo novo, até porque a marca estava um pouco esquecida, no entanto, um órgão de comunicação social percebeu que a marca tinha sido comprada e tornou-se público que a mesma iria regressar”, confessou Joel Sousa que acrescentou que a sua vontade passava por ir trabalhando a marca como um hobbie, “a ideia passava por ser uma espécie de part-time, até porque estava a trabalhar a tempo inteiro na Salvador Caetano, na área dos autocarros elétricos. A Famel era, para mim, um projeto de futuro, mas sentia a necessidade de estar mais preparado, até porque o objetivo final era o de recuperar a marca e criar uma empresa”.
Com um percurso académico ligado à engenharia e uma carreira profissional relacionada com a integração de sistemas de motorização elétrica, o passo para o renascer da Famel com uma visão voltada para o futuro da mobilidade urbana elétrica, acabou por ser um processo natural, como sublinhou Joel Sousa, acrescentando que esta decisão também se baseou na “perceção de mercado e da necessidade, já num futuro próximo, de existir uma maior escolha no que diz respeito aos motociclos elétricos”, sendo que, desde logo percebeu o tipo de público para quem queria comunicar, estando a marca focada nos jovens entre os 16 e os 40 anos “que procuram um meio de transporte mais sustentável, que tenham alguma capacidade do ponto de vista financeiro e que percebam que este é um investimento e não uma simples compra”, afirmou.
Uma mota a pensar no Futuro
Joel Sousa, percebe que o valor da marca está na sua mística e a intenção sempre passou por manter a sua alma, sublinhando que “a Famel não é mais uma mota, mas sim um ícone do passado que renasce com uma visão de futuro. Redesenhamos a mota, sem a redesenhar, ou seja, optámos por manter o mesmo design, mas com linhas mais refinadas e modernas, conseguimos esse equilíbrio e a sua essência continua lá”, e a reação do público tem demonstrado isso mesmo, “as pessoas dizem que a mota está bonita, apelativa e que esta não é apenas mais uma mota igual às outras”, sendo que conseguiram, com este design, chegar a pessoas acima do seu target, que se sentem atraídas pelo novo design e pela mística da marca, “temos pessoas de faixas etárias acima daquelas para as quais focamos as nossas ações, que nos chegam com histórias do passado, quando os seus pais tinham uma Famel e de como isso os marcou, estando interessados neste novo modelo. São pessoas muito bem informadas acerca da mobilidade elétrica e que fazem poucos quilómetros diários e não querem investir num automóvel, vendo na nossa mota o meio de transporte ideal para pouparem mais e uma oportunidade de terem uma Famel nova e elétrica”, acrescentando que verifica que “as pessoas se identificam com o propósito da marca e valorizam a missão de ir ao encontro de um meio de transporte mais sustentável e económico. Neste momento com o aumento do custo dos combustíveis, a Famel elétrica surge como uma alternativa mais económica, ecológica, portuguesa, bonita e que responde às necessidades diárias de quem se desloca em ambiente urbano”, sublinhou Joel Sousa, acrescentando, no entanto que há ainda um problema a resolver, já que a marca ainda não dispõe de nenhum modelo à venda, “caso contrário, e atendendo à procura que temos tido, temos a certeza que tudo o que tivéssemos disponível, já teria sido vendido”.
Neste momento a marca já possui dois protótipos para os modelos que quer comercializar sendo que, para tal, é necessário captar o investimento necessário para poder passar à produção “temos andado, desde a nossa participação na Exponor, a trabalhar alguns contactos no sentido de atrair algum investimento, já que é necessário fazer face aos elevados custos existentes nas fases iniciais, seja no investimento em peças, apoio à produção, industrialização, seja na homologação etc. Este processo de captação de investimento acaba por consumir grande parte do nosso tempo o que nos retrai um pouco no desenvolvimento da marca, até porque é necessário encontrar o parceiro ideal que nos traga não só o financiamento, mas também que nos ajude a levar o projeto para a frente com valências que ainda nos faltam”, frisou Joel Sousa. Este investimento é essencial para que se possa avançar à segunda fase do projeto, que passa pelo desenvolvimento das baterias e das áreas da conectividade, “porque acreditamos que não faz sentido, hoje em dia, um produto ser lançado no mercado sem contemplar todas estas vertentes da ligação entre diferentes dispositivos, depois dessa fase terminada, aí sim, passamos para a terceira fase, a da produção“, sublinhou Joel Sousa.
Captar o investimento é então a prioridade da equipa, composta apenas por três pessoas a tempo-inteiro: o Joel Sousa, responsável pela gestão e Paulo Ribeiro e Fernanda Ribeiro responsáveis pelo marketing e comunicação da marca, sendo, precisamente nesta área, que a equipa se encontra focada com vista a conseguir chegar ao maior número possível de pessoas. Só depois desta fase de captação de investimento a marca poderá avançar para a próxima fase, a da produção, no entanto a equipa acredita que este é um projeto de sucesso como sublinha Joel Sousa, “acreditamos no projeto e já temos muito interesse no produto, inclusive de pessoas residentes no estrangeiro e não apenas de portugueses emigrados. Nota-se um crescimento interessante de lojas especializadas em veículos elétricos e a procura está a aumentar muito, o que traz muitas lojas do tipo interessadas no nosso produto, até porque não há muitas motas elétricas de qualidade no mercado, seja no que diz respeito ao material de que são feitas, seja na assistência pós-venda, que é praticamente inexistente, sendo algo a que iremos dar especial atenção na nossa marca, pois consideramos fundamental garantir esse apoio a quem compra o nosso produto”.
Uma estreia de sucesso
A marca apresentou os seus dois protótipos recentemente, na Expomoto em Matosinhos, a E-XF, herdeira da mítica XF-17, de 1975, que renasce na versão equivalente a 50cc, com autonomia para 70km e equivalente a (125cc), com duas baterias de 1.8kWh que terá autonomia até 120km. Estes modelos já estão disponíveis para pré-encomenda, sendo que a recetividade por parte do público tem sido excelente, contando já com mais de 60 reservas, o que dá um ânimo extra à equipa que acredita que os modelos terão uma ótima saída no mercado.
O futuro passará por manter a marca em Guimarães, embora a produção da mota deva ficar, numa fase inicial, concentrada em Anadia, perto de Águeda onde a marca produzia antigamente, muito por uma questão estratégia já que, como adiantou Joel Sousa, “trata-se de uma empresa nossa parceira que possui todas as condições e licenciamentos para a produção dos nossos modelos e que rapidamente consegue montar a mota”.
O preço base de venda previsto é de 4.500€, (com uma bateria de autonomia estimada para 70km e velocidade máxima de 45kmh, pensada para quem vive e trabalha em ambiente urbano) podendo chegar a 5.500€, edição limitada a 300 unidades e com pormenores únicos tais como a escolha do número preferencial dependendo da disponibilidade do mesmo.
As previsões de futuro apontam para o lançamento da mota no mercado já em 2023, com perspetiva de crescimento da equipa para os próximos anos (esperam ter em 2024 cerca de 20 pessoas na estrutura), e com foco no constante desenvolvimento de novos produtos relacionados com a marca até 2025, sempre assentes num plano consistente e cauteloso para que a marca possa crescer de forma sólida e responsável.
A Vantagem de se adquirir um veículo elétrico
Produzir uma mota elétrica traz muitas vantagens ao ambiente e é uma compra financeiramente inteligente, já que se traduz num veículo de menor custo quando comparado com um movido a combustíveis fosseis. Joel Sousa e a sua equipa perceberam isso de imediato e daí optarem por desenvolver a nova Famel como um veículo elétrico, apesar de admitirem que ainda há muito caminho a percorrer, em Portugal, para que as pessoas percebam o potencial deste tipo de veículos “ainda há muito iliteracia financeira por parte do consumidor, sendo que muitos não fazem as contas dos custos com os combustíveis e a sua relação com os quilómetros percorridos. Há ainda a questão do baixo investimento em incentivos por parte do governo, isto em comparação com outros países, para a aquisição deste tipo de veículos”, frisou Joel Sousa, acrescentando que “este é o momento certo para se investir neste tipo de equipamentos porque ajudam a poupar nos orçamentos familiares, além de serem mais amigos do ambiente, e é também, nessas vantagens que queremos focar a nossa comunicação”.